sábado, 4 de junho de 2011

OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO PIAGET

            Através da observação Piaget pode traçar cada fase do desenvolvimento humano de forma clara e contundente, isso serviu não só para auxiliar professores a preparar suas aulas, como também para entender como a criança se desenvolve, e a perceber se algo não está dentro do previsto. Assim doenças podem ser diagnosticadas com maior rapidez para o bem estar desse indivíduo.

  • 1º Período: Sensório - Motor ( 0 a 2 anos );


          Quando os reflexos neurológicos básicos do bebê começam a ser construídos, ele já começa a elaborar esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.
          Exemplo: O bebê pega o que está em sua mão, mama o que é posto em sua boca, vê o que o está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
  • Período: Pré - Operatório ( 2 a 7 anos );

 
              Esse estágio é conhecido como Inteligência Simbólica. Caracteriza-se principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório - motor). A criança desse estágio:

  • É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro;
  • Não aceita a idéia do acaso, e tudo deve ter uma explicação ( fase dos "por quês" );
  • Já pode agir por simulação, "como se";
  • Possui percepção global sem discriminar detalhes;
  • Deixa se levar pela aparência, sem relacionar fatos.
              Exemplo: Mostra-se para a criança duas bolinhas de massas iguais e dá-se a uma delas o formato de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.

  • 3º Período: Operações Concretas ( 7 a 11 ou 12 anos);



               A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados de realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar a abstração, desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada ( reversibilidade ).

               Exemplo: Despeja-se a água de dois copos, em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.


  • 4º Período: Operações Formais ( 11 ou 12 anos em diante ).



               A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata, nem somente as relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.
               Em outras palavras, as estruturas cognitivas das crianças alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar  raciocínio lógico a todas as classes de problemas.
               Exemplo: Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.


A FUNÇÃO SEMIÓTICA OU SIMBÓLICA

 
            Uma importante função se desenvolve no final do período sensório - motor por volta de um ano e meio, dois anos. A função define-se como semiótica ou simbólica devido a linguística definir com cuidado os símbolos e os sinais, iremos empregar a expressão o termo  função semiótica, que consiste em dar representação a um "significado" qualquer, seja um objeto, um objeto, um episódio, esquema conceitual, através de um "significante" que só servirá para essa representação, para isso será utilizada a função semiótica, que definirá a evolução das ações anteriores.

 



               A criança que até então não havia desenvolvido a representação ( até esse período o " objeto " definido deveria estar presente para que pudesse ser representado ), a partir desse momento dá-se início a esse acontecimento através de algumas condutas que acontecem quase que simultaneamente e em ordem de complexidade crescente, são elas:

1. Imitação e a Imitação Diferida;
2. O Jogo Simbólico;
3. O Desenho;
4. A Imagem Mental;
5. A Memória e a Estrutura das Lembranças;
6. A Linguagem.


A IMITAÇÃO




               Desempenha um importante papel no nosso desenvolvimento, o de conhecer o próprio corpo em semelhança com outro, é uma das primeiras manifestações da função semiótica, para compreendê-la devemos saber que esta conduta está presente em outras funções: a imitação diferida, o jogo simbólico e a imagem gráfica ou mental, que dependem diretamente dela como pré-representação interior ou pensamento.




               A imitação representa a passagem do nível sensório - motor, que não foi totalmente abandonado, apenas se tornou mais completo para o das condutas que irão representar um símbolo ou um sinal na sua forma real.





               Quando ainda no final do período sensório - motor, a imitação necessita de um modelo presente, por exemplo o movimento das mãos ou ainda um som feito pela boca, para que possa ser reproduzida, na imitação diferida, isso não se torna necessário, visto que a criança desenvolve esse ato através da assimilação, sendo que ela ainda não está dotada de pensamento, para isso ela utiliza o próprio corpo, através da imitação diferida, que a criança pode se expressar e entender todo o mundo a sua volta.



               Tudo o que a criança vê nessa fase da vida torna-se o alicerce para a sua formação futura, por isso, devemos ficar atento a cada fase do desenvolvimento, identificar as características de cada uma delas, para assim detectarmos qualquer problema em sua formação, Piaget desenvolveu esses estudos que servem de base para pesquisas até hoje. 

 



O JOGO SIMBÓLICO           


               O Período Pré - Operatório ( 2 a 6 ou 7 anos) é marcado por uma função semiótica, até então inédita, o jogo simbólico ou de ficção, que é com certeza o apogeu do jogo infantil, a função que ele exerce na vida da criança é também vital para seu desenvolvimento, a de adaptar-se a todo momento ao mundo dos adultos, onde regras e interesses são totalmente indiferentes a eles.

               

              Satisfazer suas necessidades afetivas ou até intelectuais, não é possível para a criança, então o jogo simbólico torna-se a forma como ela expressa os acontecimentos que lhe forem relevantes.
     
              


        " O faz de conta " que a criança vive ajuda na assimilação com suas dúvidas, seus medos, prazeres e conquistas, da forma mais gostosa brincando.





               Se uma cena lhe chama a atenção como uma discussão entre seus pais, por exemplo, logo em seguida a criança reproduz através do jogo, entre suas bonecas, ou seus carrinhos, ela expressa todos os seus sentimentos e reproduz as vozes tanto do pai como a da mãe, assim como na imitação todo o absorvido pela criança de forma plena, por isso devemos tomar cuidado com exemplos negativos, pois isso será também copiado.

 
              


 O DESENHO




              
Podemos dizer que o desenho nada mais é que a representação mental do que elas entendem sobre um determinado objeto ou situação.
Com isso a criança passa a expressar o desenho sem assimilar uma coisa a outra por mera imitação ou cópia.
O desenho passa por diferentes fases.
A criança passa a descobrir novos meios para expressar esse desenho. Depois vem a fase da incapacidade sintética, a falta de coordenação na sua cópia, como por exemplo, o desenho em si está fora de forma, um chapéu muito longe da cabeça, a cabeça sem tronco apenas com pernas e braços.
Em seguida vem o período essencial que é quando a criança passa pela dificuldade primitiva.
Agora ela vai representar exatamente o modelo sem se preocupar com as perspectivas visuais. A criança tem em mente que uma pessoa mesmo de perfil tem dois olhos, então ela vai representar assim no seu desenho.
Aos 8 – 9 anos, a criança já não mais representa seus desenhos através do intelectual, mas sim do ponto visual, o desenho já não é visto de um ponto de vista único, o perfil não mostra mais do que se vê. O desenho já não é mais exposto através dos objetos como, por exemplo, a cópia de uma árvore só será representada a parte visível e não o que está escondido atrás, como a árvore inteira.
Só a partir dos 9 – 10 anos a criança conseguirá identificar ou desenhar de acordo com a direção que o desenho se apresenta, à direita ou a esquerda e até mesmo de frente, com clareza de direção.
As crianças só conseguirão identificar ou desenhar figuras verticais ou horizontais depois dessa faixa etária, antes disso dificilmente conseguirão.



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