sábado, 11 de junho de 2011

JEAN PIAGET

MÁRCIA BATISTA ,1B
A  APRESENTAÇÃO  SOBRE  JEAN PIAGET ,TROUXE-ME ENRIQUECIMENTO NO SENTIDO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO QUE MOSTRA UMA TEORIA  POR ETAPAS ,QUE PRESSUPÕE QUE OS SERES HUMANOS PASSAM  POR UMA SÉRIE DE MUDANÇAS ORDENADAS E PREVISÍVEIS .ENTRETANTO NA VISÃO DE PIAGET ,FICA  CLARO QUE  A EDUCAÇÃO DEVE POSSIBILITAR À  CRIANÇA UM  DESENVOLVIMENTO AMPLO E DINÂMICO. 
 PARABÉNS   AO  GRUPO ,GOSTEI MUITO.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Paulo Freire

adorei o trabalho de voces achei que esta bem explicado, entende-se o que o autor realmente quer passar na sua obra, a resenha na minha opinião esta bem definida e detalhada meninas voces estão de parabéns.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

PAULO FREIRE

Bibliográfia:
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família mudou para a cidade de Jaboatão.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio.

O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.
A carreira no Brasil foi interrompida pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Acusado de subversão, ele passou 72 dias na prisão e, em seguida, partiu para o exílio. No Chile, trabalhou por cinco anos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Nesse período, escreveu o seu principal livro: Pedagogia do Oprimido (1968).

Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), e, na década de 1970, foi consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano, que viviam na época um processo de independência.

No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as experiências de Angola e Moçambique.

Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, onde escreveu dois livros tidos como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À Sombra desta Mangueira (1995). Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, foi secretário de Educação no Município de São Paulo, sob a prefeitura de Luíza Erundina.

Freire teve cinco filhos com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Após a morte de sua primeira mulher, casou-se com uma ex-aluna, Ana Maria Araújo Freire. Com ela viveu até morrer, vítima de infarto, em São Paulo.

Doutor Honoris Causa por 27 universidades, Freire recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).

Texto adicional
Tempos de mobilização e conflito

Aula em Angicos, em 1963: 300 pessoas
alfabetizadas pelo método Paulo Freire em um mês. Foto: acervo fotográfico dos arquivos Paulo Freire do Instituto Paulo Freire
O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas idéias e começou a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste – onde metade da população de 30 milhões era analfabeta – um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica.
Para pensar
Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?
Introdução
Neste livro Paulo Freire ressalta a nossa responsabilidade ética no exercício de nossa tarefa docente.O nosso preparo científico como professor deve coincidir com nossa retidão ética.
Ele enfatiza ser este livro esperançoso e otimista,onde ele nos mostra a não se acomodar diante das necessidades de mudar,pois o educando já possui uma história de vida,já traz de casa uma aprendizagem do seu dia a dia e isto não pode ser desconsiderado e o que cria várias possibilidades de aprendizagem na história do educando.
O livro apresenta três capítulos.São eles:
1º capítulo-Não há docência sem discência.
2º capítulo - Ensinar não é transferir conhecimento.
3º capítulo – Ensinar é uma especialidade humana.E é sobre o 3º capítulo que será feita nossa resenha crítica.

ENSINAR É A QUALIDADE DE FORMAR A PARTE ESSENCIAL E DAR EXISTÊNCIA A FORMAÇÃO .

ENSINAR EXIGE CONFIANÇA FAZER O MELHOR E PRÉ DISPOSIÇÃO PARA SE DOAR.
O PROFESSOR TEM QUE TER SEGURANÇA, AUTORIDADE DEMOCRÁTICA, FIRMEZA NO QUE ENSINAR, HUMILDE PARA DIZER QUE NÃO SABE, PARA NÃO DAR NENHUMA RESPOSTA NO CHUTE, POSSUIR CONHECIMENTO, DIZER COM HUMILDADE QUE VAI CONFERIR PARA NÃO MENTIR OU INVENTAR ASSUNTOS QUE NÃO SE TEM DOMINIO.
O PROFESSOR PRECISA SER HUMILDE, GENEROSO. O CARATER FORMADOR DO ESPAÇO PEDAGÓGICO É AUTENTICADO QUANDO O CLIMA DE RESPEITO NASCE DEVIDO AO INTROSAMENTO ENTRE A AUTORIDADE DOCENTE E AS LIBERDADES DOS ALUNOS SE ASSUMEM ETICAMENTE.
ENTENDO QUE A AUTORIDADE E O COMANDO DERIVADO DO AUTORITARISMO SÃO DIFERENTES E A REAÇÃO NEGATIVA POR PARTE DOS ALUNOS É RESULTADO DA FALTA DE CRIATIVIDADE DO EDUCADOR.
A LIBERDADE NÃO PODE FICAR DE LADO, MAS A AUTORIDADE TEM QUE EXISTIR COM DEMOCRACIA.
AUTORIDADE NÃO SIGNIFICA ESTAR DANDO SERMÃO TODA HORA, VOCE EXERCE ESSA AUTORIDADE COM SABEDORIA, COM RESPEITO SEM ARROGÂNCIA, SEM JULGAMENTO, SEM HUMILHAÇÕES, SEM CONOTAÇÕES PEJORATIVAS, PARA QUE NÃO OCORRA O RISCO DE PRATICAR O ACEDIO MORAL EM SALA DE AULA, E TER UM CLIMA DE REAL DISCIPLINA .
PAULO FREIRE FOI UM REVOLUCIONARIO NA EDUCAÇÃO, NÃO SÓ NO BRASIL MAS NO MUNDO.
PEDAGOGIA, SEU METODO DE ALFABETIZAÇÃO ALCANÇAVA PESSOAS HUMILDES, COLOCAVA O OPRIMIDO NA CONDIÇÃO DE SE LIBERTAR, USANDO PALAVRAS DE SUA REALIDADE .
PARA PAULO FREIRE, OS EDUCANDOS TERIAM O DIREITO DE REIVINDICAR, NÃO PODIA FICAR PARALIZADOS, NO SILENCIO, A EDUCAÇÃO É PARA TODOS, ELES TERIAM QUE SE DESPERTAR.
UMA PESSOA ALFABETIZADA PENSA DIFERENTE, O EDUCANDO COM ÉTICA PRECISA USAR SUA LIBERDADE, SABENDO-SE DOS RISCOS, PRECISA ASSUMIR SUAS AÇÕES. COM A AUTONOMIA, NOS TORNAMOS INDEPENDENTES PARA APRENDER O CONTEÚDO COM LIBERDADE, E RESPONSABILIDADE.
O ESSENCIAL ENTRE O EDUCADOR E EDUCANDO É APRENDER A AUTONOMIA = LIBERDADE MORAL OU INTELECTUAL.











ENSINAR EXIGE COMPROMISSO PESSOAL COM A ARTE DE EDUCAR.

O EDUCADOR ENQUANTO ENSINA NÃO PODE APRESENTAR-SE COMO MAIOR, POIS QUEM ENSINA APRENDE TAMBÉM. O EDUCADOR COLOCA SUAS EXPERIÊNCIAS, NO INTUITO DE VER TRANSFORMAÇÃO .
COMPETE AO EDUCADOR TER E MANTER O EQUILIBRIO EMOCIONAL EXERCITANDO A PACIENCIA PARA CONTRIBUIR COM UM AMBIENTE TRANQUILO E SADIO PARA A APRENDIZAGEM , CABE AO EDUCADOR RESPEITAR O DIREITO DO EDUCANDO E ESSE DIREITO CONSISTE NA LIBERDADE DE INDAGAR , DUVIDAR E CRITICAR.
O EDUCADOR DEVE SABER ESCUTAR, ISSO É TER AUTONOMIA , TEM QUE POSSUIR TAMBEM AFETIVIDADE, O PROFESSOR E ALUNO PRECISAM SABER QUE A POSTURA DELES É DIÁLOGICA, ABERTA E CURIOSA.
O EDUCADOR TEM QUE USAR SUA AUTORIDADE COM EXPERIENCIAS , NÃO PARA DESANIMAR O EDUCANDO, MAS O EDUCANDO INSTRUIDO SABERÁ SE DEFENDER DEIXANDO A IGNORÂNCIA, COM RELAÇÃO AO MUNDO AO SEU REDOR, ONDE A INJUSTIÇA,A DISCRIMINAÇÃO IMPERA.
ESINAR É COMPROMISSO, UM GESTO DO EDUCADOR PODE INFLUENCIAR MUITO NA VIDA DE UM EDUCANDO.
O METODO DE ALFABETIZAÇAO QUE PAULO FREIRE UTILIZOU, RECEBEU O NOME DO EDUCADOR (PAULO FREIRE).
O DISCURSO DE PAULO FREIRE ERA REVOLUCIONÁRIO, TEM BASE NO DIÁLOGO, NA HUMILDADE, NA CURIOSIDADE. PAULO FREIRE SE DEDICOU AOS ESFARRAPADOS DO MUNDO.
O JORNALISTA EDNEY SILVESTRE ENTREVISTANDO PAULO FREIRE DISSE: COMO VOCE GOTARIA DE SER LEMBRADO?
PAULO RESPONDE : “GOSTARIA DE SER LEMBRADO COMO UM SUJEITO QUE AMOU PROFUNDAMENTE O MUNDO AS PESSOAS E A VIDA”.

EDUCAR É TER PAIXÃO POR AQUILO QUE FAZ, É MUITO MAIS DO QUE UM SALÁRIO NO FINAL DO MÊS, ENSINAR É COMPROMISSO.

Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.

A educação jamais é neutra, ela pode implicar tanto o esforço da reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. Ela não deve só repassar a matéria didaticamente, mas fazer com que os educadores abram os olhos e vejam o mundo que os rodeia. Pode-se afirmar, que a educação também é contraditória e envolve a dialética, e muitas vezes ela própria reproduz essa ideologia, etc. No entanto em determinado momento do tempo e do espaço, um desses fatores predomina aos demais,cabendo ao setor educacional intervir nas ações que considera de relevância para a sociedade, como um todo.
Os educadores devem abstrair-se da sua ignorância para escutar os educadores, sem tolí-los. Indica que há uma necessidade de mudanças na postura dos profissionais para enfim colaborar com a melhoria de condições e qualidade de vida, e assim desarticular qualquer forma de discriminação e injustiça, pois a educação é uma especificidade humana que intervém no mundo. Traça aspectos necessários aos educadores para dar oportunidade aos educadores de desenvolverem sua criatividade, o senso de crítica, respeito, e liberdade. É o da impossibilidade desunir o ensino dos conteúdos de formação ética dos educadores. De separar prática da teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor, de respeito aos alunos,ensinar de aprender. Demonstra que a pedagogia da autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e responsabilidade. Critica as atividades consideradas anti-humanistas. Discute também sobre a intervenção da globalização que vem robustecendo a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza de milhões. A preocupação com o lucro deixa a desejar as questões de ética e solidariedade humanas. Inclusive Paulo Freire cita que o desemprego no mundo não é uma fatalidade como muitos querem que acreditemos e sim o resultado de uma globalização da economia e de avanços tecnológicos, deixando de ser algo a serviço e bem estar do homem.

Ensinar exige liberdade e autoridade.

Nesta parte do livro foi discutida a questão sobre a autoridade e liberdade em sala de aula, como um professor pode lidar com estas questões sem ser autoritário demasiadamente e não ser libertino por demais.
Paulo Freire diz que o ideal é ser um professor democrático em sala de aula, que saiba dosar sua autoridade e ao mesmo tempo dar liberdade para que os alunos se desenvolvam em um clima que propiciem o direito e o respeito mútuo, que dê condições a se prosseguir na prática docente.
Há um relato de um jovem professor universitário democrático que teve de usar de sua autoridade para que se mantivessem as condições necessárias para uma boa qualidade de ensino-aprendizagem. Faz-se necessário o uso da autoridade ao chamar a atenção do aluno de outra sala que estava à porta atrapalhando com conversa paralela com um aluno de sua sala. Por isso o professor se questiona até quando se deve usar de sua autoridade e quando deve dar liberdade?
É de essencial e fundamental importância que o professor saiba diferenciar liberdade de ser licencioso. A liberdade envolve os seus próprios direitos e deveres e até quando a minha liberdade termina para que a liberdade do próximo seja garantida. Ela envolve e engloba vários fatores que seus alunos devem ter em mente para poderem fazer uso dela. Já ser licencioso é permitir transgressões de regras sem as devidas consequências cabíveis. Por isso o educador tem de estar bem preparado para lidar com estas questões em sala de aula, pois ser democrático envolve toda a vivência de mundo que você professor tem e as de seus alunos. É saber respeitar as diferenças sem extrapolar os limites éticos da liberdade.
Por isso Paulo Freire defende que para ser democrático o professor deve assumir seu papel independente de dar aulas em uma escola pública de periferia ou na melhor escola particular da cidade. É propiciar as condições necessárias para a prática docente e dar o seu melhor onde quer que esteja.
Para se ter liberdade e se proporcionar liberdade em sala de aula é uma questão de amadurecimento físico-social de cada um. O ser humano não nasce “pronto” com suas relações e formações psíquicas formadas em relação a um ser humano adulto. Cabe a nós professores, pais, cidadãos a dar condições para uma boa formação de caráter. O caráter veem de nossas escolhas tomadas no decorrer da vida e a consciência de que para cada escolha temos uma consequência que só ele será capaz de lidar com ela.
Tudo isso envolve no aluno ter a autonomia de fazer suas escolhas, mas nosso papel é de alertá-los sobre as consequências, mas não de influenciá-los em suas escolhas. Pois o Próprio Paulo Freire diz:
“...Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém...” (pg. 107).
Então para ser autônomo é um processo de amadurecimento que todos nós devemos passar e este processo não tem data marcada, ele depende de suas próprias experiências de tomadas de decisões e de responsabilidade sobre elas.

Ensinar exige tomada consciente de decisões.
Nesta parte o livro relata sobre a educação humana como um ato de intervenção no mundo. Intervenção esta que está ligada à formação do ser humano quanto ao caráter, relações sociais, economia, etc...
Comenta sobre a postura correta de um professor ao lidar com estas questões: de liberdade, direitos e deveres. Cabe ao professor nunca ter a política da neutralidade, ele deve assumir uma postura perante as relações sociais e políticas de sua sala e sociedade a que seus alunos estão inseridos.
Paulo Freire aqui comenta sobre o respeito mútuo entre educadores e escolas, educadores e seus educandos, o respeito sendo colocado à prova.
“... Lutar pelo direito que tenho de ser respeitado e pelo dever que tenho de reagir a quem me destratem...” (pg. 111 a 112).
Ter uma postura neutra é ser indiferente com os fatos e acontecimentos à sua volta causando uma sensação de descaso perante o ocorrido. Como muitos andam fazendo a política da hipocrisia e da injustiça o fato de “lavar as mãos”, segundo Paulo Freire é dar força e poder ao opressor.
Ainda mais que o próprio autor se coloca em uma postura de professor democrático e afirma que a educação jamais deve abandonar o saber motivador e sustentador de lutas.
“... se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental ela pode.” (pg. 112).
Pensando nisto tudo cabe a nós futuros professores e professores na ativa ter uma postura democrática em sala de aula, independentemente de sua classe social, lutar pela educação de qualidade à nossos alunos um direito dado à todos e um dever nosso de assegurar de que haja realmente uma luta democrática pelo saber.

Ensinar exige saber escutar

É tão necessário sabermos escutar quanto falar. Não é falando com os outros de cima para baixo como se fossemos donos da verdade que aprendemos escutar é sim escutando que aprendemos falar. O educador quando ouvinte aprende a difícil lição de transformar o discurso em uma gostosa conversão. A Liberdade de nos mover de arriscarmos vem sendo paralisada. O poder que não se vê da domesticação alienada está alcançando o excesso de formalidade da mente do corpo consciente de conformismo do indivíduo, a acomodação perante situações fatais. Esta posição é a da de quem, já se conformou com a situação a história deve ser vivida com determinancia e possibilidades. Não existe desta maneira mecânica de compreender a historia lugar para decisão humana. O amanha não é de forma alguma a imortalidade do hoje, as vezes é algo que tem que ser porque foi dito que assim seria, não ha como escolher e sim acomodar bem ao que está aí ou ao que está por vir. A globalização esta aí e ela reforça o poder da minoria e pisa, esmigalha e a presença dos dependentes tornando-os importantes. O ser humano é maior que o mecanismo que os reduzem. A proclamada morte da historia significa a morte de um sonho, daí brigamos pelo resgate da utopia de que a prática educativa humanaizante na ode ser constante. A morte da historia decreta a imobilidade ao ser humano. A desconsideração total pela formação integral do ser humano reduz a puro treino e fortalecem a autoridade de se falar de cima para baixo. O modo que se faz avaliação de alunos e professores vem se mostrando cada vês mais como discurso verticais. A posição que tomamos como professores e aluno crítico é de ficar contra avaliação. No processo da fala e da escuta a disciplina do silêncio deve ser com rigor. O sinal que o sujeito que fala sabe escutar é a demonstração de capacidade. E preciso saber que quem tem que dizer algo saiba ouvir. È importante acrescentar que tem o que dizer deve assumir o dever de motivar de lançar desafio a quem escuta. É intolerável que um educador seja autoritário ao ponto de comporta-se como dono da verdade. Ao contrário o educador democrático aprende a falar escutando. E fundamental o silencio no espaço da comunicação. A fala comunicante de alguém deve entrar no movimento no do seu pensamento transformando, se em linguagem. Nós mulheres e homens deveram ser capazes de compreender o mundo sobre o qual atuamos. Um grande problema que temos é a de como trabalhar a linguagem oral ou escrita no sentido de efetuar a comunicação. O educador deve ser capaz de provocar o educando para sua curiosidade. Na verdade o papel do professor é não ensinar conteúdo A ou B e sim que o aluno consiga compreender. Não é difícil compreender para isso o educando deve vencer suas dificuldades. Enfatizo que: ensinar não é transferir inteligência do objeto mais instigá-lo, é neste sentido que o sujeito compreende é escutando que aprendo falar. Escutar é obviamente algo além de possibilidades auditivas e sim a abertura para que o outro fale. Quando escuto eu me torno capaz de exercer o direito de discordar, ao contrario me preparo para me situar do ponto de vista das idéias. O bom educador fala e diz de sua posição com desenvoltura. Nossa prática pedagógica deve ser voltada ao saber escutar para o bem falar. Aceitar as diferenças e respeita é uma virtude. A humildade da entender que ninguém é superior a ninguém. O que a humildade não deve exigir de mim é que eu seja submisso á arrogância e a falta de tempero de quem desrespeita certamente que não me abater fisicamente com um jovem a quem não é necessária juntar robustez, nem por isso deve amesquinhar-me diante de seu desrespeito é preciso que eu assuma a minha impotência sem força o aluno o professor pode prejudicá-lo no processo de aprendizagem. Quando o aluno chega a escola traz uma visão e revela sua linguagem isto de certo modo constitui um obstáculo a experiência do conhecimento saber escutar não é igual a concordar com a leitura de mundo que p educando trás. Devemos respeitar sua leitura de mundo e procura moldá-la de maneira correta. O desrespeito ao modo é antidemocrático se comparado ao educador que não escutando o educando com ele não fala. Existe algo real e importante a ser discutido na reflexão sobre o respeito a leitura. A leitura de mundo revela a inteligência do mundo através da cultura e socialmente se formam. Revela também o trabalho individual de cada sujeito no processo de assimilação sobre a inteligência do mundo.
Uma das tarefas importantes da escola como um centro de conhecimento é trabalhar uma crítica inteligente e importante que a escola instigue a curiosidade do educando, por outro lado é preciso que o educando assuma o papel de produtor de sua própria inteligência. Quanto mais me capacito mais me afirmo como optidao para fazê-lo.
Ninguém pode conhecer por mim como não posso conhecer pelo aluno. Todo ensino de conteúdo se acha na posição de aprender que a partir de um determinado momento assume do objeto. Um professor autoritário que não houve seus alunos se fecha a esta aventura criadora. O ensino dos conteúdos criticamente realizado envolve a abertura ser tão errado a separação de pratica e teoria. O que se deve fazer é experimentar a unidade dinâmica entre ensino do conteúdo e o ensino do conteúdo e o ensino de que PE de como aprender è ensinando a matéria que ensino também como aprender e como ensinar.

Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica

Ideologia: Filos. Ciências que trata da formação das idéias. 2) Tratado as idéias em abstrato. 3) Maneira de pensar própria de um indivíduo ou grupo de pessoas.
Paulo Freire fala do poder da ideologia, poder esse que nos faz aceitar fatos sem se quer, procurar saber se a outra verdade.
A capacidade de nos AMACIAR que tem a ideologia como fala o autor: à respeito da globalização da economia, criada por quem tem poder econômico para obter lucro e o resultado sempre é o mesmo os beneficiados são quem tem poder e os prejudicados sempre prejudicados.
O discurso da globalização que fala da ética do mercado e não da ética universal do ser humano, pelo qual deveríamos lutar, maneira de disfarçar o sistema capitalista, enganando, de modo que só quem tem dinheiro e poder faz parte desse tipo de desenvolvimento.
Aonde as pessoas tem os seus direitos como cidadãos não respeitados por seus governantes sem possibilidades nenhuma de crescimento.
Esperando na esperança,que um dia ira acabar a ditadura do mercado.
Em meio todas as conquistas do ser humano. O Autor fala que: Ele tem uma preocupação: “A preocupação com a natureza humana”. Declara até que faz das palavras de MARX suas palavras.
No mundo da ética o deveria prevalecer seria a ética humana mais não funciona dessa forma o mundo em que vivemos a que prevalece é a ética do lucro.
O autor declara que não liga para o que vão pensar dele como um idealista, mas ele vai apostar sempre no ser humano e em seus direitos.
Em nossa realidade o desemprego faz parte de uma globalização da economia não uma fatalidade como querem nos persuadir.
O progresso científico e tecnológico que não responde fundamentalmente aos interesses humanos, as necessidades de nossa existência, perde, para mim diz o autor sua significação. Por que o que ao em vês os trabalhador seres beneficiados acontece que com o progresso correm riscos de milhares de homens e mulheres ficarem desempregados. Sabendo que é difícil à aplicação de uma política do desenvolvimento humano.
A cada dia que passa o desenvolvimento cresce, são construídos mais e maiores máquinas “inteligentes” essas máquinas vem para substituir homens e mulheres, este é um risco que corremos muito concretos. Ideologicamente são fatos que se procurarmos encontra muitas informações por isso, não há como escutar discurso sem ter o mínino de curiosidade de especular mais informações como, por exemplo, estas:
“Em defesa de sua honra o marido matou a mulher”
“Essa gente sempre assim: damos lhes o pés e logo quer as mãos”.
“Maria é negra, mas é bondosa e competente”.
São frases como essas que diríamos ficam o dito pelo não dito. Concluo com suas palavras dizendo: E quanto, mas me dou á experiências de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil.

Ensinar exige disponibilidade para o diálogo

É impossível viver disponível á realidade a segurança, mas é também criar a segurança fora do risco da “disponibilidade”. Nos educadores devemos mostrar sem poupar esforços aos alunos a segurança ao abordar um devido tema.
Testemunha a abertura aos outros, disponibilidade curiosa é a vida, a seus desafios. São coisas primordial para a pratica educativa.
A formação dos professores devia insistir na contribuição deste saber necessário que é inegável que tem sobre nós o contorno no ecológico social e econômico em que vivemos.
E não deveríamos juntar o saber teórico e prática. Os da realidade concreta em que os professores trabalham.
Diminuo a distância entre mim e a duvida da vida do explorados, não com discursos raivosos, sectários que só são ineficazes por que discutam mais ainda a nossa comunicação como oprimidos.
Como educadores e educadores progressistas não apenas podemos desconhecer a televisão mas dermos usá-la sobretudo, discuti-la.

Ensinar Exige querer bem os educando
É preciso quere bem para então passar valores aos educandos. Esta abertura ao querer bem não significa na verdade que porque professor me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa de fato, que a afetividade não me assustar que não tenho medo de expressa-la. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenha de autenticamente selar meu compromisso com os educandos numa prática específica do ser humano.
A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade a minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade a alegria de viver.
O educador progressista precisa estar convencido como de suas conseqüências é o de ser o seu trabalho uma especialidade humana.
Estou convencido, porém de que a responsabilidade a seria disciplina intelectual fez o exercício da curiosidade epistemológica não me fazem necessariamente um ser-mal-amado, arrogante, cheio de mim mesmo a arrogância não é sinal de competência, mas lamento a ausência de simplicidade, não diminuindo em nada seu saber, os faria a gente melhor.
Gente mais gente! Seres humanos mais felizes!

A mãe, Dona Edeltrudes Neves Freire.

Livro do bebe

INFÂNCIA

O quintal da casa, na Estrada do Encanamento, 724, no bairro Casa Amarela, no Recife (PE), foi o espaço de alfabetização de Paulo Freire. Ali, aprendeu a ler e também a escrever, utilizando os gravetos que encontrava pelo chão. Criou-se em um ambiente católico, junto com os irmãos e as irmãs, cercado de muito afeto e atenção dos pais, a ponto de só adormecer embalado pelo som do violão tocado pelo “seu papá”, como o chamava. À sombra das mangueiras, sua mãe o ensinou a ler as palavras que o permitiriam ler o mundo à sua volta.
Talvez um prenúncio daquele que seria o mais revolucionário método de alfabetização proposto no século XX, criado por Paulo Freire na década de 1960, que tinha a realidade do aluno como ponto de partida para a aprendizagem permanente.
Sua mãe escreveu para ele um Livro do Bebê, onde revela fatos, hábitos e casos da sua infância. Ela começa falando do dia do seu nascimento:



A mãe, Dona Edeltrudes Neves Freire.
"Paulo nasceu numa segunda-feira de tristeza e aflições, pois o seu Papá estava muito mal, sem esperanças de restabelecer-se, quase que o Paulinho seria órphão ao nascer, porém, o bom Jesus livrou-o dessa desaventura, presenteou-o restituindo a saúde ao seu Papá".
(In: Ana Maria Araújo, em "A voz da esposa", Paulo Freire: uma biobibliofrafia, 1995).
A senhora Edeltrudes confessa que ele é orgulhoso e que só falará quando souber mesmo. Fala do quanto ele é afetuoso e ciumento e não consente que seus irmãozinhos aproximem-se da mãe. Fica com raiva e diz logo "sai, sai, mamãe minha". (In: Ana Maria Araújo, em "A voz da esposa", Paulo Freire: uma biobibliofrafia, 1995).


Paulo Freire foi uma criança muito devota. Assim diz a mãe: "com verdadeiro carinho pega no crucifixo". “Ele não se conformava em ir à aula sem as lições prontas, chorava demais. Enquanto não tinha certeza que sabia, não comparecia à aula", acrescentou ela. (Livro do Bebê in Ana Maria Araújo Freire no livro Paulo Freire: uma biobibliografia, em “A voz da esposa”).
Aos 6 anos, já alfabetizado, ele entra para a escola particular da sua primeira professora, Eunice Vasconcelos, a quem se refere sempre como “professorinha”, uma presença muito forte em sua formação. Ela o ensinou a colocar no papel quantas palavras pudesse, para depois formar sentenças e discutir com ele o significado de cada uma delas:
“Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua – os verbos, seus modos, seus tempos...
A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.” (Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola,
em dezembro de 1994.)
Dessa convivência, nasceu uma grande amizade que se prolongou por muitos anos, inclusive durante o exílio, quando os dois trocaram correspondências:
“Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: 'Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá'." (Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola, em dezembro de 1994.)
“Andar de bicicleta sempre será um sonho não realizado.” (Ana Maria Araújo Freire no livro Paulo Freire: uma biobibliografia, em “A voz da esposa”.),

JUVENTUDE E UNIVERSIDADE

A crise econômica de 1929 produziu reflexos muito acentuados no Nordeste. Em busca de melhores condições de vida, seu pai levou a família para a cidadezinha de Jaboatão dos Guararapes, a 18 km do Recife. Paulo Freire tinha 10 anos de idade. Ali conheceu a dor, com a morte do pai, aos 13 anos, e o sofrimento ao assistir a mãe ter que sustentar sozinha toda a família, convivendo com privações materiais e muitas dificuldades financeiras.
“Eu acho que uma das coisas melhores que eu tenho feito na minha vida, melhor do que os livros que eu escrevi, foi não deixar morrer o menino que eu não pude ser e o menino que eu fui, em mim.”
(Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire da Série Pensamento e Ação no Magistério, Mestres da Educação.)
Nos campos de futebol de Jaboatão, ele mantinha contato com a camada mais pobre da cidade, jogando peladas com meninos camponeses e filhos de operários que moravam em morros e brincavam em córregos. Com eles, Paulo Freire descobriu uma forma diferente de pensar e de se expressar – era a linguagem popular, à qual ele sempre privilegiou usando-a mais tarde como educador.

Desde jovem, Paulo Freire envolveu-se na defesa dos direitos dos trabalhadores, atuando nos movimentos populares e como diretor do Sesi.
“Eu consegui fazer, Deus sabe como, o primeiro ano de ginásio com 16 anos. Idade com que os meus colegas de geração, cujos pais tinham dinheiro, já estavam entrando na faculdade. Fiz esse primeiro ano de ginásio num desses colégios privados, em Recife; em Jaboatão só havia escola primária. Mas minha mãe não tinha condições de continuar pagando a mensalidade e, então, foi uma verdadeira maratona para conseguir um colégio que me recebesse com uma bolsa de estudos. Finalmente ela encontrou o Colégio Osvaldo Cruz e o dono desse colégio, Aluízio Araújo, que fora antes seminarista, casado com uma senhora extraordinária, a quem eu quero um imenso bem, resolveu atender o pedido de minha mãe.”
(In: Revista Ensaio, nº 14, 1985, p. 5.)

Em 1947, Paulo Freire formou-se em Direito, mas logo abandonaria a profissão, que praticamente não chegou a exercer. A paixão pela educação o conduziu para defender tese para a Cadeira de História e Filosofia da Educação, na Escola de Belas Artes de Pernambuco.Tese que seria seu primeiro livro.
Foi assim que Paulo Freire conseguiu concluir seus estudos secundários. Aos 22 anos, Paulo Freire ingressa na Faculdade de Direito do Recife. Naquela época, o curso de direito era a única alternativa na área de ciências humanas. Nesse período, conheceu a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, alfabetizadora, cinco anos mais velha do que ele, com quem se casou em 1944, e teve 5 filhos – Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.
Ainda nessa época, o mesmo Colégio Oswaldo Cruz que o acolheu como bolsista na adolescência, contratou-o como professor de língua portuguesa.

No Colégio Osvaldo Cruz, no Recife, como bolsista, conseguiu concluir seus estudos secundários. Na década de 1940, retornaria ao Colégio, agora como professor de língua portuguesa,.
“Em algum momento, entre os 15 e os 23 anos, descobri o ensino como paixão.”
(Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire da Série Pensamento e Ação no Magistério,
Mestres da Educação.)
Sua “carreira” de advogado resumiu-se a uma única causa:
“Tratava-se de cobrar uma dívida. Depois de conversar com o devedor, um jovem dentista tímido e amedrontado, deixei-o ir em paz. Ele ficou feliz por eu ser advogado, e eu fiquei feliz por deixar de sê-lo.”
(Moacir Gadotti, Paulo Freire: uma biobibliografia, 1996.)

Durante discurso no Sesi, na década de 50, período em que conheceu de perto a realidade e as necessidades do adulto trabalhador analfabeto. Base para sua concepção pedagógica transformadora e construtiva.
Em 1947, Paulo Freire assume o cargo de Diretor do Setor de Educação do SESI do Recife - Serviço Social da Indústria, onde travou contato com a questão da educação de adultos/trabalhadores e percebeu a necessidade de executar um trabalho direcionado à alfabetização. Estudando as relações entre alunos, mestres e pais de alunos do SESI, Paulo Freire conheceu a realidade dos trabalhadores e as particularidades da sua linguagem. Entendeu que educar era, sobretudo, discutir as condições materiais de vida do trabalhador comum. Dedicou-se a estudar a linguagem do povo, consolidando seus trabalhos em educação popular. Sua primeira experiência como professor universitário foi na Escola de Serviço Social, lecionando Filosofia da Educação. Doutorou-se em Filosofia e História da Educação em 1959, com a tese ”Educação e Atualidade Brasileira”. No início dos anos 60 engajou-se nos movimentos de educação popular, entre eles o Movimento de Cultura Popular (MCP), a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler” e a Campanha de Alfabetização de Angicos (alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias), ambas no Rio Grande do Norte, e coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, do Governo Goulart.

Paulo Freire, ao centro, com uma turma de formandos do Sesi.

Paulo Freire, retratado por André Koehne
Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro.
Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
VIDA
Nascido em 19 de setembro de 1921 de pais de classe média em Recife, Brasil, Paulo Freire conheceu a pobreza e a fome durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os pobres e o ajudaria a construir seu método de ensino particular.
Freire entrou para a Universidade de Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, ele nunca exerceu a profissão e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau ensinando a língua portuguesa. Em 1944, ele se casa com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho. Os dois trabalharam juntos pelo resto de suas vidas e tiveram cinco filhos.
Em 1946, Freire foi indicado Diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no estado de Pernambuco. Trabalhando inicialmente com analfabetos pobres, Freire começou a se envolver com um movimento não ortodoxo chamado Teologia da Libertação. Uma vez que era necessário que o pobre soubesse ler e escrever para que tivesse o direito de votar nas eleições presidenciais.
Em 1961, ele foi indicado para diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade de Recife, e em 1962 ele teve sua primeira oportunidade para uma aplicação significante de suas teorias, quando ele ensinou 300 cortadores de cana a ler e a escrever em apenas 45 dias. Em resposta a este experimento, o Governo Brasileiro aprovou a criação de centenas de círculos de cultura ao redor do país.
Em 1964, um golpe militar extinguiu este esforço, Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida ele passou por um breve exílio na Bolívia, trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização de Agricultura e Alimentos da Organização das Nações Unidas. Em 1967, Freire publicou seu primeiro livro, Educação como prática da liberdade.
O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado a ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele escrevera seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, o qual foi publicado também em espanhol e em inglês em 1970. Por ocasião da rixa política entre a ditadura militar e o socialista-cristão Paulo Freire, ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o General Geisel tomou o controle do Brasil e iniciou um processo de liberalização cultural.
Depois de um ano em Cambridge, Freire se mudou para Geneva, Suiça, para trabalhar como consultor educacional para o Conselho Mundial de Igrejas. Durante este tempo Freire atuou como um consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente Guinea Bissau e Moçambique.
Em 1979, ele já podia retornar ao Brasil, mas só voltou em 1980. Freire se filiou ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT foi bem sucedido nas eleições municipais de 1988, Freire foi indicado Secretário de Educação para São Paulo.
Em 1986, sua esposa Elza morreu e Freire casou com Maria Araújo Freire, que também seguiu seu programa educacional.
Em 1991, o Instituto Paulo Freire foi fundado em São Paulo para extender e elaborar suas teorias sobre educação popular. O instituto mantem os arquivos de Paulo Freire.
Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997 às 6h53 no Hospital Albert Einstein em São Paulo devido a complicações na operação de desobstrução de artérias, mas teve um infarto.
PRIMEIROS TRABALHOS
No início da década de 1960 montou, no estado de Pernambuco, um plano de alfabetização de adultos que serviu de base ao desenvolvimento do que se denominou Método Paulo Freire de alfabetização popular, reconhecido internacionalmente.
Durante o regime militar de 1964, trabalhou fora do Brasil.
Com a anistia, na década de 1980, retornou ao país, tendo dirigido a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo durante a administração de Luiza Erundina (1989-1993).
A Pedagogia da libertação
Paulo Freire delineou uma pedagogia da libertação, intimamente relacionada com a visão do terceiro mundo e das classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las políticamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das CEBs - Comunidades Eclesiais de Base. Informações colhidas no CEDOT
No entanto, a obra de Paulo Freire ultrapassa esse espaço e atinge toda a educação, sempre com o conceito básico de que não existe uma educação neutra: segundo a sua visão, toda a educação é, em si, política.
Palavras (articuladoras do pensamento crítico) e a pedagogia da pergunta, são princípios da pedagogia de Paulo Freire.
FRASES
Nos anos 60 fui considerado um inimigo de Deus e da Pátria, um bandido terrível. Hoje diriam que eu sou apenas um saudosista das esquerdas.
Descobri que o analfabetismo era uma castração dos homens e das mulheres, uma proibição que a sociedade organizada impunha às classes populares.
O que o capitalismo tem de bom é apenas a moldura democrática. Um dos maiores erros históricos das esquerdas que se fanatizaram foi antagonizar socialismo e democracia.
O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetismo, implantado durante o regime militar) nasceu para negar meu método, para silenciar meu discurso.
Meu sonho de sociedade ultrapassa os limites do sonhar que aí estão.
O autoritarismo é uma das características centrais da educação no Brasil, do 1o grau à universidade.
Os negros no Brasil nascem proibidos de ser inteligentes.
A democracia não pretende criar santos, mas fazer justiça.
Eu não aceito que a ética do mercado, que é profundamente malvada, perversa, a ética da venda, do lucro, seja a que satisfaz ao ser humano.
A educação já foi tida como mágica, podia tudo, e como negativa, nada podia. Chegamos à humildade: ela não é a chave da transformação da sociedade.
Um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada.
Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo.
OBRAS
1959: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).
1961: A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p.
1963: Alfabetização e conscientização. Porto Alegre: Editora Emma.
1967: Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p).
1968: Educação e conscientização: extencionismo rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p.
1970: Pedagogia do oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
1976: Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed., 1987).
1977: Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p.
1978: Os cristãos e a libertação dos oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p.
1979: Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia). São Paulo: Loyola.
1979: Multinacionais e trabalhadores no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p.
1980: Quatro cartas aos animadores e às animadoras culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé.
1980: Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p.
1981: Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1981: Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1982: A importância do ato de ler (em três artigos que se completam).
Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo).
1982: Sobre educação (Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p. (Educação e comunicação, 9).
1982: Educação popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
1983: Cultura popular, educação popular.
1985: Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição
1986: Fazer escola conhecendo a vida. Papirus.
1987: Aprendendo com a própria história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e Comunicação; v.19).
1988: Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em educação popular. Vozes.
1989: Que fazer: teoria e prática em educação popular. Vozes.
1990: Conversando con educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva.
1990: Alfabetização - Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1991: A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 144 p.
1992: Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
1993: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p.
1993: Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
1994: Cartas a Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra. 334 p.
1994: Essa escola chamada vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição.
1995: À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p.
1995: Pedagogia: diálogo e conflito. São Paulo: Editora Cortez.
1996: Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
1996: Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
2000: Pedagogia da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
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Fonte: pt.wikipedia.org

O CRIADOR DE IDÉIAS, O EDUCADOR

Durante mais de 15 anos, entre as décadas de 1950 e 1960, Paulo Freire dedicou-se às experiências no campo da educação de adultos em áreas proletárias e subproletárias, urbanas e rurais, em Pernambuco. Seu método de alfabetização nasceu dentro do MCP – Movimento de Cultura Popular do Recife – a partir dos Círculos de Cultura, onde os participantes definiam as temáticas junto com os educadores. Nesses grupos populares, ele identificou resultados tão positivos que passou a se questionar se não seria possível fazer o mesmo em uma experiência de alfabetização.
A educação como prática da liberdade é concebida dentro de um contexto em que o processo de desenvolvimento econômico e o movimento de superação da cultura colonial nas "socidades em trânsito" que se define pela sociedade sem democracia para uma sociedade em processo de democratização, do ponto de vista do oprimido, na construção de uma sociedade democrática. Freire acredita que a educação tem papel imprescindível no processo de conscientização e nos movimentos de massas. Por considerá-la desafiadora e transformadora, mostra que para alcançá-la são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a convivência. Educador e educando se movimentam no mesmo cenário, mas as diferenças entre eles acontecem “numa relação em que a liberdade do educando não é proibida de exercer-se”. Essa opção não é, apenas, pedagógica, mas sobretudo, política, o que faz do educador um político e um artista, jamais neutro.
Na sua concepção, a educação é um momento do processo de humanização, um ato político, de conhecimento e de criação. Portanto, educação implica no ato do conhecer entre sujeitos conhecedores, e conscientização é ao mesmo tempo uma possibilidade lógica e um processo histórico ligando teoria com práxis numa unidade indissolúvel.

Experiência de alfabetização na cidade de Angicos, em 1963, onde 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais foram alfabetizadas em 45 dias.
“A conscientização é um compromisso histórico (...), implica que os homens assumam seu papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece (...), está baseada na relação consciência-mundo".
(Paulo Freire, Educação como prática da liberdade, 1966.)

Para Paulo Freire, a educação é uma prática para a liberdade, para o auto-conhecimento e vivência produtiva. O alfabetizando avança para ocupar o papel de agente ativo no processo de aprendizado, interagindo com o professor.
Paulo Freire revelou ao mundo uma educação para além da sala de aula, da educação formal, capaz não só de ensinar conteúdos e comportamentos socialmente esperados e aceitos, mas também capaz de conscientizar a todos e a todas. Mais objetivamente pensou nos jovens e adultos trabalhadores, homens do campo e da cidade para abrir-lhes a possibilidade de enfrentarem a opressão e as injustiças.
Características conceituais da concepção educacional de Paulo Freire (com base na análise de Carlos Alberto Torres no livro Paulo Freire: Uma Biografia Intelectual).
“Interpretar o desenvolvimento da consciência humana e seu relacionamento com a realidade, permitindo que o educando a transforme com sua prática.
A educação não é uma questão pedagógica. Ao contrário, é uma questão política. Pedagogia crítica, como uma práxis cultural, contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas.
• A pedagogia do oprimido é designada como um instrumento de colaboração pedagógica e política na organização das classes sociais subordinadas
A especificidade da sua proposta é a noção de consciência crítica como conhecimento e práxis de classe.
Em termos educacionais, sua concepção é uma proposta anti-autoritária, na qual professores e alunos ensinam e aprendem juntos. Partindo-se do princípio que educação é um ato de saber, professor-aluno e aluno-professor devem engajar-se num diálogo permanente caracterizado por seu ‘relacionamento horizontal’. Esse é um processo que toma lugar não na sala de aula, mas num círculo cultural.”
Algumas palavras próprias da pedagogia de Paulo Freire:

AMOROSIDADE
Para Freire, a “educação é um ato de amor”, sentimento em que homens e mulheres vêem-se como seres inacabados e, portanto, receptivos para aprender.
CULTURA
Para Freire, “cultura é tudo o que é criado pelo homem. É o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador e recriador (...).”

CURIOSIDADE
A curiosidade alimenta o desejo de saber mais. Ela causa inquietação, insatisfação desencadeando a busca pelo conhecimento. "Não é a curiosidade espontânea que viabiliza a tomada de distância epistemológica. Essa tarefa cabe à curiosidade epistemológica – superando a curiosidade ingênua, ela se faz mais metodicamente rigorosa. Essa rigorosidade metódica é que faz a passagem do conhecimento ao nível do senso comum para o conhecimento científico. Não é o conhecimento científico que é rigoroso. A rigorosidade se acha no método de aproximação do objeto." (FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 2ª edição, 1995, p. 78.)
Diálogo – “O diálogo aproxima os homens entre si e do mundo em que vivem. É capaz de transformá-lo e, transformando-o, o humaniza para a humanização de todos.”

LEITURA DO MUNDO
Ler o mundo é aproximar-se criticamente da realidade. A leitura de mundo possibilita a análise crítica da realidade e a sua compreensão.
POLÍTICA
A educação, na perspectiva da prática da liberdade, é um ato político. Não existe educação neutra. Na concepção de Freire, política é o conjunto de opiniões e/ou simpatias de uma pessoa com relação à sua realidade e sua capacidade de transformá-la.

O EXÍLIO

Em setembro de 1964, com 43 anos, Paulo Freire partiu para a Bolívia levando na bagagem uma trajetória de experiências singulares na alfabetização de adultos, de grande alcance social, que rapidamente conquistaram atenção e respeito por parte de governos, educadores e intelectuais de todo o mundo.
Freire ficou muito pouco tempo na Bolívia, por causa da altitude de La Paz e também pelo golpe de Estado que derrubou o governo de Paz Estensoro. Seguiu para Santiago, no Chile, onde chegou em novembro de 1964. Viveu neste país até abril de 1969, quando foi convidado para lecionar nos Estados Unidos e também para atuar no Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, Suíça. Aceitou os dois convites, permanecendo inicialmente 10 meses em Harvard, onde deu forma definitiva ao livro Ação Cultural para a Liberdade. Nesse período, escreve dois de seus livros mais conhecidos: Educação Como Prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido.

No exílio Paulo Freire escreve um dos seus mais importantes livros, Pedagogia do Oprimido, considerado referência em sua obra.
“Para mim, o exílio foi profundamente pedagógico. Quando, exilado, tomei distância do Brasil, comecei a compreender-me e a compreendê-lo melhor."
(Trecho de uma conversa com Frei Betto, extraída do livro Essa escola chamada vida (pp. 56-8) – in Paulo Freire: uma biobibliogfrafia).

Paulo Freire com seu filho Lutgardes e Betinho com seu filho Daniel, no Canadá, de férias, em 1978.
“Foi exatamente ficando longe dele, preocupado com ele, que me perguntei sobre ele. E, ao me perguntar sobre ele, me perguntei sobre o que fizeram com outros brasileiros, milhares de brasileiros da geração jovem e da minha geração. Foi tomando distância do que fiz, ao assumir o contexto provisório, que pude melhor compreender o que fiz e pude melhor me preparar para continuar fazendo algo fora do meu contexto e também me preparar para uma eventual volta ao Brasil.”
(Trecho de uma conversa com Frei Betto, extraída do livro Essa escola chamada vida (pp. 56-8) – in Paulo Freire: uma biobibliogfrafia).
Ainda no exílio, entre 1970-1980, após sua transferência para Genebra, assumiu o cargo de consultor do Conselho Mundial das Igrejas. Como conselheiro educacional do Conselho, Paulo Freire ganhou maior dimensão mundial. Ao lado de outros brasileiros exilados, fundou o Instituto de Ação Cultural (IDAC), cujo objetivo era prestar serviços educativos, especialmente aos países do Terceiro Mundo que lutavam por sua independência. Em 1975, Freire e a equipe do IDAC receberam o convite de Mário Cabral, Ministro da Educação da Guiné-Bissau, para colaborarem no desenvolvimento do programa nacional de alfabetização daquele país. A África deu a Paulo Freire e a seus colaboradores o campo prático para experiências pelas quais eles tinham esperado tanto.

Entre 1975 e 1980, Freire trabalhou também em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola, ajudando os governos e seus povos a construírem suas nações recém-libertadas do jugo português, através de um trabalho de educação popular. Nesse período genebrino, Paulo Freire “andarilhou” muito por alguns países do continente africano, asiático, europeu, americano e da Oceania, exercendo atividades político-educativas em vários países dos 5 continentes, mas de modo especial na Austrália, Itália, Nicarágua, Ilhas Fiji, Índia, Tanzânia e os países de colonização portuguesa supra-citados.
TRECHO DA CARTA DE PAULO FREIRE A CLODOMIR MORAES
(companheiro de prisão de Paulo Freire, em um quartel de Olinda)Lembrando os ensinamentos da prisão Clodomir, velho de guerra,amigo-irmão,nas minhas conversas comigo mesmo sempre lembrado;nas minhas conversas com outras gentes,
nas minhas memórias de nossas "férias" passadasjuntos, no R-2, lá em Olinda, lembro sempre.Amigo-irmão, velho de guerra,que me ensinou, com paciência, como viver entre paredes;como falar, com coronéis, jamais dizendo um aliás;que me ensinou a humildade, não só a mim,
também aos outros que lá estavam, na prisãogrande da bela Olinda, não com palavras que o vento leva,mas com exemplo - palavração!que me contou estórias lindas de Pedro Bunda eseu irmão - "pencas de almas" dependuradasem fortes troncos, na solidão;
soldados alemães desembarcados no São Francisco.que me falou, com amor tanto, de seu povolá do sertão, de seus poetas, de seus músicos, de seus maestros.Clodomir, Colodomiro, velho de guerra,amigo-irmão, sempre lembrado, agora, de longe,de bem longe, te mando a ti, a Célia e aos que de ambos já chegaram,uma penca enorme de abraços nossos.
Paulo Genèvre, 16/01/1975
ATIVIDADES NO EXÍLIO

Iº Seminário Nacional de Alfabetização,
Monte Mário, São Tomé e Príncipe, 1976.
CHILE (NOVEMBRO DE 1964 A ABRIL DE 1969)
Assessor do Instituto de Desarollo Agropecuário e do Ministério da Educação do Chile.
Consultor da Unesco junto ao Instituto de Capacitación e Investigación em reforma Agrária do Chile. Neste país escreve Pedagogia do Oprimido que é resultado dos seus cinco primeiros anos de exílio e expressa suas vivências com a educação popular, de conscientização, libertação e justiça social.
ESTADOS UNIDOS (abril de 1969 a fevereiro de 1970)
Professor convidado da Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachussetts, onde dava aulas sobre suas próprias reflexões.
GENEBRA (fevereiro de 1970 a março 1980)
Consultor do Conselho Mundial das Igrejas - conselheiro educacional de governos do Terceiro Mundo
Presidente do Conselho Executivo do IDAC
Neste período Paulo Freire “andarilhou” pelos continentes africano, asiático e europeu.

Paulo Freire é cidadão do mundo. Abaixo, nas Ilhas Figi,
promovendo alfabetização.

ANTES DO EXÍLIO

Paulo Freire vive intensamente seu tempo e o ambiente histórico-político entre a Revolução de 30 e o Golpe Militar de 64. É nesse período que nasce e se consolida a essência de sua obra. Suas pedagogias nascem de suas práticas, da totalidade de suas experiências de vida. Surgem do envolvimento com camponeses e trabalhadores, desde a época de peladas nos campos de futebol de Jaboatão dos Guararapes/PE, passando pelo SESI e pelo engajamento nos movimentos populares, ainda na época do Recife, a partir da metade da década de 1950.
No SESI, como Diretor do Departamento de Educação e Cultura, atuou junto às famílias, com as crianças, as mulheres e também encorajando os trabalhadores a discutir seus problemas, integrando-se efetivamente ao processo histórico, por meio das comunidades.
Paulo Freire foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP), onde, ao lado de outros intelectuais e do povo, trabalhou para assegurar a inserção crítica e transformadora das classes oprimidas na sociedade brasileira, a partir da cultura popular. No Centro de Cultura Dona Alegarinha, um círculo de cultura do MCP que discutia os problemas cotidianos na comunidade de Poço da Panela, em Recife, Freire trabalha de forma mais sistemática o que viria a ser chamado de método de alfabetização.

Experiência de Alfabetização de Paulo Freire repercute na imprensa nordestina da época.
“... era preciso que eu fosse ao contexto de quem ia aprender a ler, para pesquisar o discurso da cotidianidade e de lá retirar o vocabulário a ser utilizado no processo.” (Descrição a Nilcéa Lemos Pelandré, Pelandré, 2002, p. 59.)

Para Paulo Freire, a educação é uma prática para a liberdade,
para o auto-conhecimento e vivência produtiva. O alfabetizando avança para ocupar o papel de agente ativo no processo de aprendizado, interagindo com o professor.
Rapidamente seu trabalho começou a se tornar muito conhecido. Surgia ali mais que um método, uma filosofia e um sistema de educação capaz de alfabetizar os cerca de 40 milhões de iletrados do Brasil naquele final da década de 1950.
Dessa forma, suas idéias influenciaram a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, desenvolvida pelo então prefeito de Nata-RNl, Djalma Maranhão. Ainda no Rio Grande do Norte, desta vez na cidade de Angicos, Freire realiza sua mais marcante experiência na época, desenvolvida entre janeiro e março de 1963, quando 300 trabalhadores rurais são alfabetizados em 45 dias.Convidado pelo então ministro da educação do Governo João Goulart, Paulo de Tarso,o educador Paulo Freire assumiu o cargo de coordenador do recém-criado Programa Nacional de Alfabetização, o qual, utilizando seu método, pretendia alfabetizar 5 milhões de adultos em mais de 20 mil círculos de cultura.

Assinatura, em janeiro de 1964, pelo então presidente
João Goulart do Decreto que criou o Plano Nacional de
Alfabetização, coordenado por Paulo Freire.
Campanha de Alfabetização, Reformas de Base e as Ligas Camponesas integraram um cenário onde o nacionalismo influenciou a mobilização popular que antecedeu o golpe militar.Criado em janeiro de 1964, o Plano foi extinto pela Ditadura Militar, logo depois do golpe. Paulo Freire foi preso por duas vezes.
A Embaixada da Bolívia foi a única que o aceitou como refugiado político. Em setembro de 1964, Paulo Freire deixa o Brasil rumo ao exílio.

O Ministro da Educação, Paulo de Tarso e Paulo Freire, durante visita ao Círculo de Cultura do Gama, em setembro de 1963.O Ministro da Educação, Paulo de Tarso e Paulo Freire, durante visita ao Círculo de Cultura do Gama, em setembro de 1963.

FRASES MARCANTES DE PAULO FREIRE

Nos anos 60 fui considerado um inimigo de Deus e da Pátria, um bandido terrível. Hoje diriam que eu sou apenas um saudosista das esquerdas.
Descobri que o analfabetismo era uma castração dos homens e das mulheres, uma proibição que a sociedade organizada impunha às classes populares.
O que o capitalismo tem de bom é apenas a moldura democrática. Um dos maiores erros históricos das esquerdas que se fanatizaram foi antagonizar socialismo e democracia.
O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetismo, implantado durante o regime militar) nasceu para negar meu método, para silenciar meu discurso.
Meu sonho de sociedade ultrapassa os limites do sonhar que aí estão.
O autoritarismo é uma das características centrais da educação no Brasil, do 1o grau à universidade.
Os negros no Brasil nascem proibidos de ser inteligentes.
A democracia não pretende criar santos, mas fazer justiça.
Eu não aceito que a ética do mercado, que é profundamente malvada, perversa, a ética da venda, do lucro, seja a que satisfaz ao ser humano.
A educação já foi tida como mágica, podia tudo, e como negativa, nada podia. Chegamos à humildade: ela não é a chave da transformação da sociedade.
Um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada.
Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"Burrhus Frederic Skinner" o cientista do comportamento e do aprendizado


Para o psicólogo behaviorista norteamericano, a educação deve ser planejada passo a passo, de modo a obter os resultados desejados na "modelagem" do aluno


Biografia

Skinner nasceu no dia 20 de Março de 1904 em Susquehanna, Pensilvânia, onde viveu até ir para o colégio. Segundo seu próprio relato, seu ambiente da infância era estável e não lhe faltou afeto. Ele frequentou o mesmo ginásio onde seus pais haviam estudado; havia apenas sete outros alunos em sua sala ao final do curso. Ele gostava da escola e era o primeiro a chegar todas as manhãs. Quando criança e adolescente, gostava de construir coisas: trenós, carrinhos, jangadas, carrosséis, atiradeiras, modelos de aviões e até um canhão a vapor com o qual atirava buchas de batata e cenoura nos telhados dos vizinhos. Passou anos tentando construir uma máquina de movimento perpétuo. Também tinha interesse pelo comportamento dos animais. Lia muito sobre eles e mantinha um estoque de tartarugas, cobras, lagartos, sapos e esquilos listrados. Numa feira rural, ele observou certa vez um bando de pombos numa apresentação; anos mais tarde, ele treinaria essas aves para realizar uma variedade de façanhas.
A conselho de um amigo de família, Skinner se matriculou no Hamilton College de Nova York. Ele escreveu:
“Nunca me adaptei à vida de estudante. Ingressei numa fraternidade acadêmica sem saber do que se tratava. Não era bom nos esportes e sofria muito quando as minhas canelas eram atingidas no hóquei sobre o gelo ou quando melhores jogadores de basquete faziam tabela na minha cabeça… Num artigo que escrevi no final do meu ano de calouro, reclamei de que o colégio me obrigava a cumprir exigências desnecessárias (uma delas era a presença diária na capela) e que quase nenhum interesse intelectual era demonstrado pela maioria dos alunos. No meu último ano, eu era um rebelde declarado”.
Como parte dessa revolta, Skinner instigava trotes que muito perturbaram a comunidade acadêmica e se entregava a ataques verbais aos professores e à administração. Sua desobediência continuou até o dia da graduação, quando na abertura das cerimônias, o diretor o alertou, e aos seus amigos, que, se não se comportassem, não colariam grau.
Ele se formou em inglês, recebeu a chave simbólica da Phi Beta Kappa e manifestou o desejo de tornar-se escritor. Quando criança, tinha escrito poemas e histórias, e, em 1925, num curso de verão de sobre redação, o poeta Robert Frost fizera comentários favoráveis sobre seu trabalho. Durante dois anos depois da formatura, Skinner dedicou-se a escrever e então decidiu que não tinha “nada importante a dizer”. Sua falta de sucesso como escritor o deixou tão desesperado que ele pensou em consultar um psiquiatra. Considerou-se um fracasso e estava com sua auto-estima abalada. Também estava desapontado no amor; ao menos uma meia dúzia de jovens havia rejeitado suas investidas, deixando-o com o que ele descreveu como intensa dor física. Skinner ficou tão perturbado que gravou a inicial do nome de uma mulher no braço, onde ela ficou durante anos.
Depois de ler sobre John B. Watson e Ivan Pavlov, Skinner decidiu transferir seu interesse literário pelas pessoas para um interesse mais científico. Em 1928, inscreveu-se na pós-graduação de psicologia em Harvard, embora nunca tivesse estudado psicologia antes. Foi para a pós-graduação, disse ele, “não porque fosse um adepto totalmente comprometido da psicologia, mas para fugir de uma alternativa intolerável”. Comprometido ou não, doutorou-se três anos mais tarde. Seu tema de dissertação dá um primeiro vislumbre da posição a que ele iria aderir por toda a sua carreira. Sua principal proposição era de que um reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma resposta.
Depois de vários pós-doutorados, Skinner foi dar aulas na Universidade de Minnesota (1936–45) e na Universidade de Indiana (1945–47). Em 1947, voltou a Harvard. Seu livro de 1938, “O Comportamento dos Organismos”, descreve os pontos essenciais de seu sistema. Cinquenta anos mais tarde, esse livro foi considerado “um dos poucos livros que mudaram a face da psicologia moderna”, e ainda é muito lido. Seu livro de 1953, “Ciência e Comportamento Humano”, é o manual básico da sua psicologia
comportamentalista.
Skinner manteve-se produtivo até a morte, aos oitenta e seis anos, trabalhando até o fim com o mesmo entusiasmo com que começara uns sessenta anos antes. Em seus últimos anos de vida, ele construiu, no porão de sua casa, sua própria “caixa de Skinner” – um ambiente controlado que propiciava reforço positivo. Ele dormia ali num tanque plástico amarelo, de tamanho apenas suficiente para conter um colchão, algumas prateleiras de livros e um pequeno televisor. Ia dormir toda noite às dez, acordava três horas depois, trabalhava por uma hora, dormia mais três horas e despertava às cinco da manhã para trabalhar mais três horas. Então, ia para o gabinete da universidade para trabalhar mais, e toda tarde retemperava as forças ouvindo música.
Aos sessenta e oito anos, escreveu um artigo intitulado “Auto-Administração Intelectual na Velhice”, citando suas próprias experiências como estudo de caso. Ele mostrava que é necessário que o cérebro trabalhe menos horas a cada dia, com períodos de descanso entre picos de esforço, para a pessoa lidar com a memória que começa a falhar e com a redução das capacidades intelectuais na velhice. Doente terminal com leucemia, apresentou uma comunicação na convenção de 1990 da APA, em Boston, apenas oito dias antes de morrer; nela, ele atacava a psicologia cognitiva. Na noite anterior à sua morte, estava trabalhando em seu artigo final, “Pode a Psicologia ser uma Ciência da Mente?”, outra acusação ao movimento cognitivo que pretendia suplantar sua definição de psicologia. Skinner morreu em 18 de Agosto de 1990.
Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950. Skinner também é considerado o pai da corrente que foi denominadabehaviorismo radical.
“Quando atentamos para o que a ciência tem a nos oferecer, não encontramos muito que sustente de modo reconfortante o ponto de vista ocidental tradicional. A hipótese de que o homem não é livre é essencial para a aplicação do método científico ao estudo do comportamento humano.” — B. F. Skinner, Science and Human Behavior, p.447

Condicionamento operante

O conceito-chave do pensamento de Skinner é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. O reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento cada vez que quiser saciar sua fome.
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente (de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz consequências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante.
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento – um processo que Skinner chamou de modelagem. O instrumento fundamental de modelagem é o reforço – a consequência de uma ação quando percebida por quem a pratica. Para o behaviorismo em geral, o reforço pode ser positivo (uma recompensa) ou negativo (ação que evita uma consequência indesejada). “No condicionamento operante, um mecanismo é fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais frequente”, escreveu o cientista.
“Eu creio que uma análise científica do comportamento deve supor que o comportamento de uma pessoa está controlado por suas histórias genética e ambiental, e não pela pessoa mesma como agente iniciador e criativo; [...] não podemos provar que o comportamento humano como um todo está completamente determinado, mas esta proposição vai-se fazendo mais plausível à medida em que se acumulam os fatos, e creio que há chegado ao ponto em que se deve considerar seriamente suas implicações.” — B. F. Skinner

Sem livre-arbítrio

Segundo Skinner, a ciência psicológica — e também o senso comum — costumava, antes do aparecimento do behaviorismo, apelar para explicações baseadas nos estados subjetivos por causa da dificuldade de verificar as relações de condicionamento operante — ou seja, todas as circunstâncias que produzem e mantêm a maioria dos comportamentos dos seres humanos. Isso porque elas formam cadeias muito complexas, que desafiam as tentativas de análise se elas não forem baseadas em métodos rigorosos de isolamento de variáveis.
Nos usos que projetou para suas conclusões científicas — em especial na educação — Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra.

Linha do Tempo

1904Em 23 de março, Burrhus Frederic Skinner nasce, na cidade de Susquehanna, Pensilvânia, Estados Unidos.
1928Inicia a pós-graduação em Psicologia, em Harvard
1936Casa-se com Yvonne Blue
1936-1945Leciona na Universidade de Minnesota.
1938Publica o livro The Behavior of Organisms (O Comportamento dos Organismos)
1945-1947Leciona na Universidade de Indiana.
1947Skinner e sua família mudam-se para Cambridge
1948Começa a lecionar em Harvard, onde trabalhou até o fim da vida.
1948Publica o livro Walden Two, em que idealiza uma sociedade do futuro, organizada segundo os princípios comportamentais que ele defendia.
1953Publica o livro Science and Human Behavior(Ciência e Comportamento Humano)
1957Publica o livro Verbal Behavior (O Comportamento Verbal)
1957Publica, com C. B. Ferster, o livro Schedules of Reinforcement.
1968Publica o livro The Technology of Teaching (Tecnologia do Ensino)
1971Publica o livro Beyond Freedom and Digntity (Além da Liberdade e da Dignidade), que se tornou um best-seller nos Estados Unidos.
1974Publica o livro About Behaviorism (Sobre o Behaviorismo)
1976Publica o livro Particulars of My Life: Part One of an Autobiography
1978Publica o livro Reflections on Behaviorism and Society.
1979Publica o livro The Shaping of a Behaviorist: Part Two of an Autobiography.
1983Publica o livro A Matter of Consequences: Part Three of an Autobiography.
1983Publica, com M. E. Vaughan, o livro Enjoy Old Age: A Program of Self-Management (Viva bem a velhice: Aprendendo a programar sua vida)
1987Publica o livro Upon Further Reflection.
1989Publica o livro Recent Issues in the Analysis of Behavior (Questões Recentes na Análise Comportamental)
1990Em 18 de agosto morre, aos 86 anos, de leucemia.